Quando eu era criança meu pai nos
deu uma enciclopédia ilustrada de capa vermelha. Me lembro de ficar horas
folheando aquelas páginas e viajando com a imaginação por aquele mundo de
histórias incríveis, civilizações antigas, lugares exóticos, terras distantes
com florestas e animais selvagens. Sem querer ele havia despertado na criança
que eu era um desejo de conhecer tudo aquilo. De certa forma ele também sempre
gostou e se interessou por esse mundo. Professor de ciências e matemática,
sempre tinha uma explicação prática quando a gente vinha com aquelas perguntas
de criança curiosa, tentando descobrir o porquê das coisas... Foi já naquela
época que eu aprendi as primeiras coisas sobre o continente africano. Me lembro
bem das gravuras que mostravam um monte de animais correndo livres por lugares
incríveis, exóticos. Elefantes, zebras, girafas, hipopótamos, leões e muitos
outros que só existiam lá.
O tempo passou e nos últimos anos
as coisas mudaram bastante. A Rafaela havia chegado como um presente depois de
eu ter conhecido alguns daqueles lugares incríveis que já fizeram parte da
imaginação daquela criança curiosa do passado. Eu como pai também queria fazer
despertar nela a curiosidade de conhecer o mundo, muito além dos livros. Nada
melhor do que uma viagem para isso e a África do Sul surgiu como um destino
ideal. Pensei também nos meus pais, por que não fazermos uma viagem juntos? Por
que não iniciar com a Rafaela em um lugar incrível, e de quebra ela viajar com
os avós? Meu pai aceitou na hora quando eu telefonei para convidá-los, e foi
assim que iniciamos os preparativos da viagem.

A viagem ficou definida no momento em que fechei a compra das passagens aéreas, tudo se encaixou perfeitamente ao que precisávamos. A promoção surgiu sendo divulgada pelo site Melhores Destinos, que nos direcionou ao prestador Almundo. Foi lá que efetivamente foi fechada a compra, com as devidas simulações de dias e itinerários. Nos meses seguintes foi o tempo de preparar tudo, pensar na logística, nos
deslocamentos, no que fazer, onde ir, como ir, onde ficar, o que levar. Tudo por nossa conta e risco, pois não haveria ninguém lá contratado como guia e nenhum pacote fechado da parte terrestre da viagem. Foi uma intensa pesquisa para deixar tudo bem planejado, e no fim deu tudo muito certo!
O itinerário ficou assim, ida: Curitiba > São Paulo > Joanesburgo > Cidade do Cabo, com uma semana de passeios na Cidade do cabo e arredores. Posteriormente o retorno incluiu um stopover de uma semana em Joanesburgo: Cidade do Cabo > Joanesburgo, pegamos um carro no aeroporto de Joanesburgo e fomos até o parque Kruger e região dos Cânions, no norte do país. Depois retornamos a Joanesburgo para voltar ao Brasil: Joanesburgo > São Paulo > Curitiba.

Quando chegamos à cidade do Cabo, pegamos o nosso carro alugado já no aeroporto, o qual faria parte da viagem durante aquela semana toda. As diferenças já começaram pelo carro e pelo trânsito, dirigir na mão inglesa não é nada fácil pra quem nunca fez isso antes, como no meu caso... Isso exige uma atenção muito grande, cuidados redobrados em tudo. Inevitavelmente você acaba dando umas mancadas aqui e alí, como ligar o limpador de para brisa quando vai dar seta, se atrapalhar ao virar uma esquina, trocar de marcha com a mão esquerda ao mesmo tempo que precisa se concentrar no transito e no mapa do celular... Felizmente a saída do estacionamento do aeroporto já deu em uma larga rodovia, tudo bem organizado e sinalizado. Seguimos adiante rumo ao centro da cidade.

A primeira impressão do país na cidade do Cabo foi bastante positiva, vimos uma cidade moderna, bem organizada, limpa, e com um visual incrível do mar e das montanhas ao fundo. Claro que ali naquele momento só passamos pela parte turística, mais visível aos olhos dos que vão visitar o país.
De uma maneira geral a África do Sul é muito parecida com o Brasil também com suas desigualdades. Lugares modernos e organizados contrastando com as favelas imensas onde grande parte da população ainda vive precariamente. Já as belezas naturais e os atrativos turísticos do país como um todo são realmente impressionantes: uma riqueza de diversidades de opções, uma costa recortada por cadeias de montanhas, praias, vida marinha e vida selvagem das savanas. Cânions, cachoeiras, a história do seu povo, suas cidades, vilas, sua rica cultura. Pessoas alegres, receptivas, que gostam de roupas coloridas e de música em alto volume. Crianças animadas passeando com a turma da escola, visitando pontos turísticos em meio a pessoas do mundo todo que vão conhecer este maravilhoso país. Vivemos um pouquinho de tudo isso nestes 14 dias lá.

Após uma semana viajando pela
região de Cape Town e arredores, conhecendo a Table Mountain, o Cabo da Boa Esperança,
um passeio de barco em Hermanus para ver as baleias e uma parada em Stellenbosch
para conhecer a região dos vinhedos, seguimos na segunda semana para o ponto
alto da viagem: o nosso safari de carro a acampamento no Parque Kruger, mais ao
norte do país. Ali de fato ficamos em meio aos animais, vimos eles soltos no
seu habitat. O parque permite que você se desloque com seu próprio veículo
pelas estradas internas para vê-los. Não é permito sair do veículo em
nenhum momento e você deve retornar ao acampamento até às 18:00 h. No acampamento
existem cabanas e tendas para se hospedar, tudo bem estruturado e com o cuidado
necessário. Nas próximas postagens faremos um relato mais detalhado destas duas
semanas de passeios por lá.
Nem precisa falar que a Rafaela
adorou cada momento da viagem. Da sua maneira ela interagia como uma grande
brincadeira, onde íamos nos mudando de casa em casa em que ficamos hospedados
ao longo dos deslocamentos que fizemos. Em cada casa um novo lugar para
explorar. Cada refeição preparada com a vó, cada conversa com o vô para
perguntar de um lugar, de uma coisa que chamou sua atenção. Ao contrário da
gente, para ela muitas vezes um pequeno detalhe um objeto simples tomava mais
tempo da sua atenção do que uma paisagem ou uma vista deslumbrante. Umas pedras
coloridas e umas poças de água sobre a trilha da montanha prenderam mais tempo
da sua atenção do que a vista incrível da cidade e do mar lá em baixo. Vestir
um colete salva-vidas e andar de barco, catar conchinhas e desenhar com um
galho na areia da praia, uma folha de árvore com formato diferente. A expressão
de surpresa e admiração dela ao ver os animais ali na sua frente, querendo
mostrar também aos avós. Seu encontro com as crianças africanas que também
passeavam nos pontos turísticos e que inevitavelmente despertavam curiosidade e
admiração para ambos os lados.

Os meus pais, por outro lado,
também expressavam a admiração de estar ali vendo as paisagens, os animais, os
lugares diferentes. Detalhes também pouco vistos por eles, como o idioma, as
comidas apimentadas, o grande número de turistas de diferentes nacionalidades
todos ali interagindo com o mesmo propósito. Até mesmo a minha mãe que relutou
até o último momento em aceitar ir, sempre muito preocupada e precavida com
tudo, também gostou bastante da viagem. Foi ela quem avistou o único leão que
vimos no Kruger, já quando tínhamos perdido as esperanças...

E foi assim, durante aquelas duas semanas, fizemos nossa viagem por essa terra maravilhosa. Meus pais, lá no passado, mesmo sem querer, tornaram isso possível quando compraram a muito custo aquela enciclopédia. Termino esta postagem às vésperas de um dia dos pais, que um dia a Rafaela possa também passar isso adiante e ter boas lembranças do seu tempo de criança, suas curiosidades e descobertas de um mundo todo que poderá admirar pela frente.
Ah! Caso tenha alguma dúvida sobre algum ponto abordado nesta postagem ou quiser receber outras informações, registre seu comentário abaixo.
Grande abraço!
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